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                Mundo está de luto
                (por Vânia Moreira Diniz)
                
                 È possível que hoje estejamos tranqüilos 
                depois do que vimos ontem, o horror personificado nas pequenas 
                vítimas que simbolizaram a tristeza maior que pode existir de 
                devastação e dor? Como podemos esquecer a catástrofe, barbárie 
                que atingiu o mundo inteiro no sofrimento de pequenos seres frágeis 
                e indefesos? Seres com uma vida pela frente, um horizonte multicolorido 
                que sangraram e mancharam de negro e vermelho? E que antes de 
                mancharem torturaram e maltrataram numa prova de que não podem 
                ser humanos?
                Só que quem sofreu alguma espécie de violência quando pequeno 
                pode imaginar essa dor, desespero, inconsciência do que se passa 
                e os que não morreram nessa chacina eternamente terão sonhos que 
                levarão a um terror devastador. Martírio jamais imaginado!
                O que é isso? O que está acontecendo com o mundo, que significa 
                tantos massacres, carnificina devastadora e ainda mais num colégio? 
                Como poderemos esquecer esses momentos que nos faz ter vergonha 
                de pertencer à raça humana? 
                Já não importam os motivos políticos que levaram esses países 
                a se confrontarem, Já não importa a luta da Xexênia para ser independente 
                ou não, se existem sofrimentos indescritíveis em meio a tanta 
                dominação e sacrifícios de vidas. 
                Como podemos aspirar o perfume das flores, a delicadeza envolvente 
                dessa estação maravilhosa que é a primavera, como conseguiremos 
                admirar a beleza suprema que existe nesse mês maravilhoso, se 
                presenciamos a maldade crua de pessoas humanas matando, trucidando, 
                torturando, violentando acremente outros seres humanos e principalmente 
                crianças frágeis que precisariam acreditar num mundo justo que 
                os acolhessem com carinho e amor? 
                Fico pensando que todos nós continuamos nossas vidas, sorrindo, 
                nos entristecendo por coisas fúteis, brincando, conversando, respirando, 
                assistindo simplesmente sentados em frente a um televisor esse 
                amargurante espetáculo enquanto seres humanos experimentaram o 
                maior e mais pavoroso dia de suas vidas . Como poderemos jamais 
                esquecer essa terrível barbaridade?
                Sim, temos esperança, acreditamos num futuro promissor, olhamos 
                o céu azul, a lua amarelada, o sol a irradiar luz e conforto mas 
                e essas pessoas e suas famílias será que poderão ainda “sentir” 
                qualquer calor humano ou natural? 
                Como seria a vida desses pequenos se não tivessem sido bombardeados, 
                feridos e mortos? Quantas alegrias amores, doçuras, tristezas 
                poderiam usufruir conjugando o verbo viver? Mas qual uma flor 
                que começa a se desenvolver foram arrancadas cruelmente do aconchego 
                e do carinho. E ainda mais: Acho que a dor interior dessas famílias 
                deve ser muito mais incurável do que qualquer ferimento externo. 
                
                Precisamos acordar, o mundo necessita de tratamento, de vacinas 
                que contenham humanismo e menos grosseria, e num momento desses 
                chego a pensar que os trucidadores não sejam feitos da mesma matéria 
                humana que nos compõem, mas construídos como máquinas para destruírem 
                como um vulcão que consomem tudo e todos que estão à sua volta, 
                não com labaredas de fumaça mas com garras frias e insensíveis. 
                Sei que somos demasiado pequenos e impotentes para conter tanta 
                maldade mas pensemos que antes foi a selvageria de aviões usados 
                (pobre Santos Dumont) para destruir as pontes e seus freqüentadores 
                e que sucessivos fatos, guerras e barbáries tem sido executados 
                com freqüência descabida. Somos impotentes mas precisamos gritar, 
                o planeta inteiro precisar gritar desesperadamente, loucamente 
                e nunca aceitar hoje como natural massacres hediondos como esse.. 
                
                O mundo está de luto e nem sei quando e como poderemos encerrá-lo 
                enquanto a guerra, as retaliações fizerem um ser humano lutar 
                vorazmente contra seus irmãos de caminhada, que não se reconhecem 
                e não se aceitam.
                
                
                
                
                
                
                
                
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