Entrevista 
                de Final de Ano
                (por José Aloise Bahia)
                
                2004/2005
                O Ano de soma Seis ao lado do Ano de soma Sete 
                
                2004: - Realmente, existem momentos em que é preciso mentir!
                2005: - Ás vezes é melhor mentir!
                
                2004: - Vejamos o caso do Brasil. O que de pior aconteceu?
                2005: - Vamos ser francos, o que de pior vai acontecer. 
                
                2004: - Não seja assim tão pessimista.
                2005: - Quem vai pagar a conta sou eu.
                
                2004: - Que nada, até reajustamos as deduções para as próximas 
                declarações.
                2005: - É, 10% até ajuda.
                
                2004: - Mas diga-me o que você mais gostou neste ano?
                2005: - Caíram quatro times de futebol para a segunda divisão.
                
                2004: - Mas isto já estava escrito...
                2005: - Parabéns pra você. Caíram dois ex-campeões brasileiros. 
                E, sem virada de mesa.
                
                2004: - Mas, vamos virar a mesa agora. Afinal, eu to indo e 
                você está entrando.
                2005: - Eu tô entrando de vento em popa. Ah! Estava esquecendo: 
                você conseguiu uma façanha... 
                
                2004: - Qual?
                2005: - Colocou de volta o Suplemento Literário de Minas Gerais 
                em circulação. 
                
                2004: - É, pelo menos isto...
                2005: - E tem mais... 
                
                2004: - O quê?
                2005: - O Conselho Federal de Jornalismo. 
                
                2004: - É não deu para passar. Também os jornalistas escrevem, 
                escrevem e não aprendem. 
                2005: - O que eles não aprendem?
                
                2004: - Um punhado de coisas. Cada uma em seu tempo.
                2005: - Ainda bem que esta bomba não explodiu nas minhas mãos.
                
                2004: - E o Bin Laden?
                2005: - Cara! Aí sim, tô com medo desta bomba explodir nas minhas 
                mãos.
                
                2005: - Péra lá, você falou em virar a mesa, né! Mas, como 
                você deixa o presidente se reeleger? 
                2004: - Maktub (Estava Escrito).
                
                2005: - Lá vem você contando vantagem. Seu determinista. Só 
                por causa do Paulo Coelho em 2002!? 
                2004: - Também! Afinal não é todo ano que a gente elege o pior.
                
                2005: - Você acha que é tão ruim assim: George Bush, Paulo 
                Coelho...
                2004: - Menos pior, sei lá. Mas, a Marta...
                
                2005: - O que tem a Marta?
                2004: - Bem que eu avisei pra ela não se separar do senador. Agora 
                Inês é morta.
                
                2005: - Você tem a língua afiada, né!
                2004: - A gente vai ficando velho e aprendendo...
                
                2005: - É, espero que neste ano, os jornalistas inventem menos 
                e investiguem mais...
                2004: - Também acho...
                
                2005: - Mas, diga-me, como se fosse realmente o seu último 
                pedido: o que você mudaria no Brasil? 
                2004: - Olha, em todo o caso, já que você insiste: pediria ao 
                governo pra parar de mentir...
                
                2005: - Mas, foi você mesmo que disse no começo desta conversa, 
                que existem momentos que precisamos mentir! 
                2004: - Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. As eleições já passaram. 
                E, espero que você não apronte para 2006. 
                
                2005: - Péra lá, eu nem entrei em cena, e você já...
                2004: - Eu já fuiiiiii... Tô fechando a última porta pra você 
                entrar em cena...
                
                2005: - Não esquece de deixar as chaves comigo, tá ok!?
                2004: - Ta ok! Mas cuidado, tem muita gente de olho em você. Um 
                último lembrete: jamais deixe estas chaves em Brasília, falô... 
                
                
                
                José Aloise Bahia (Belo Horizonte/MG). Jornalista 
                e escritor. Pós-graduado em Jornalismo Contemporâneo. Autor de 
                Pavios Curtos (no prelo pela anomelivror). josealoise@aol.com
                
                
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