Ao sabor da poesia 
                
                O que é poesia? Esta foi uma pergunta de uma pesquisa feita pela 
                Internet em 2001, em que 50% dos participantes disseram que poesia 
                é "sentimento transcrito em palavras". Outros 25% afirmaram: "Poesia 
                é arte". Já 16,67% destacaram: "Forma de se viver". E 8,33% admitiram: 
                "Não sei o que é poesia". O Dicionário Aurélio assim a define: 
                "Arte de escrever em versos; entusiasmo criador; inspiração; aquilo 
                que desperta o sentimento do belo ou, ainda, o que há de elevado 
                e comovente nas pessoas e nas coisas".
                
                Difícil de ser definida, a poesia pode ser a expressão máxima 
                de um sentimento, da beleza ou mesmo uma atitude de contemplação 
                diante da vida. Grandes poetas destacam que essa arte, uma das 
                mais antigas, nasce das profundezas do ser para despertar e religar 
                o homem à própria essência da vida e do universo. Assim, o poeta 
                é cidadão do cosmos. Sua sensibilidade capta as ondas mais sutis 
                que percorrem o universo humano e as transformam em versos. Em 
                seu poema Motivo, a escritora Cecília Meireles deu uma pista sobre 
                a sua condição ao dizer: "Eu canto porque o instante existe e 
                a minha vida está completa/Não sou alegre, nem sou triste: Sou 
                poeta". 
                
                Todos nós podemos ser poetas? O escritor e filósofo Huberto Rohden, 
                tradutor do livro de poemas Tão Te King, de Lao-Tse, afirma que 
                isso é plenamente possível, mas faz algumas observações. Diz ele: 
                "Para ser escritor ou poeta, não basta ao candidato saber gramática 
                e sintaxe; nem forjar belas frases e burilar cadências rítmicas: 
                se alguém quer escrever para os homens e não para as traças é 
                necessário ter uma alma ultra-sensível que saiba cristalizar em 
                idéias conscientes e inconscientes a atmosfera das almas dos homens". 
                
                
                O filósofo continua: "O poeta faz nascer o que já era concebido 
                e andava em gestação; é o intérprete consciente da subconsciência 
                universal. É o locutor da humanidade". Enfim, o poeta é aquele 
                que ama a natureza, a vida em plenitude e que reconhece e sente 
                o pulsar das eternas inquietações do coração humano. 
                
                
                Maria Félix Fontele é jornalista, escritora 
                e cronista. Trabalhou em diversos jornais do Distrito Federal: 
                Jornal de Brasília, Correio Braziliense, Última Hora, Jornal da 
                Comunidade. É editora de jornais e revistas sobre meio ambiente, 
                cultura, novas tecnologias e educação. O artigo acima foi publicado 
                no Jornal das Boas Novas, da Fundação Mokiti Okada (edição de 
                abril de 2001), da qual foi editora.